Prana, posturas corporais e meditação.

   Todas as experiências que temos, estejamos acordados ou sonhando, têm uma base energética. Essa energia vital é chamada lung em tibetano, mas, no Ocidente, é mais conhecida por seu nome sânscrito, prana. A estrutura que constitui a base de qualquer experiência é uma combinação exata de várias condições e causas. Se somos capazes de entender por que e como uma experiência está ocorrendo e reconhecer sua dinâmica mental, física e energética, então conseguiremos também reproduzir essas experiências, ou alterá-las. Isso nos permitirá gerar experiências que sustentem a prática espiritual e evitar aquelas que são prejudiciais.
   Na vida diária, assumimos diferentes posições corporais, sem pensar em seus efeitos. Quando queremos relaxar e conversar com os amigos, procuramos uma sala com cadeiras e sofás confortáveis. Isso aumenta a experiência de calma e relaxamento e induz a uma conversa distraída. Mas, quando estamos ativos em discussões de trabalho, nos dirigimos a um escritório com cadeiras que nos mantêm eretos e menos relaxados. Isso nos dá suporte ao trabalho e aos esforços criativos. Se quiséssemos descansar em silêncio, poderíamos ficar no portão, sentados em um outro tipo de assento, colocado de modo que pudéssemos apreciar a paisagem e o fluxo de ar. Quando nos cansamos, dirigimo-nos ao quarto e assumimos uma postura completamente diferente para induzir o o sono.
   De modo diferente, assumimos várias posturas em diferentes tipos de meditação, para alterar o fluxo do prana no corpo - manipulando os canais (tsa) que são condutos de energia no corpo - e para abrir diversos pontos energéticos focais, os chakras. Ao fazer isso, evocamos diferentes tipos de experiências. Essa é também a base dos movimentos do yoga. Guiar conscientemente a energia pelo nosso corpo permite um desenvolvimento mais fácil e mais rápido da prática meditativa do que ocorreria se confiássemos apenas na mente. Além disso, também nos permite superar certos obstáculos na prática. Sem usar o conhecimento do prana e de seu movimento pelo corpo, a mente pode ficar enredada em seus próprios processos.

Tenzin Wangyal Rinpoche em "Os yogas tibetanos do sonho e do sono".      

Comentários